domingo, 22 de agosto de 2010

...A VERDADE É QUE TO NUMA FAZE DE VIVER A VIDA COM TODAS AS LETRAS, IR AO FUNDO,
NÃO MAIS FICAR AO RASO,NÃO DIGO FUNDO DE COISAS RUINS , PORRA LOUCA E TAL, MAS AO FUNDO EM DELICIAS, DE COISAS VERDADEIRAS, ABRAÇOS VERDADEIROS, BEIJOS VERDADEIROS, SINCERIDADE, MESMO QUE SEJA UM NÃO EU PRECISO OUVIR UM NÃO, MESMO QUE ESPERNEIE, COMO UMA CRIANÇA CHORANDO,MAS QUE SEJA SINCERO...

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

do msn

kkkkkkkkkkkkk
doido
é bom
tem dia que a gente precisa
se dopar de qualquer coisa
de amor, de sexo, de bebida, de poesia, de arte
varia
é segredo tbm
achei que tu ia comprar fosforooo
rss
sei lá porque pensei isso
rs

by sinara

terça-feira, 3 de agosto de 2010

a semana

a semana começa
promete,
festival internacional de teatro,
volta ao teatro universitário,
e talvez o reencontro com ela.

domingo, 1 de agosto de 2010

SUGESTÕES PARA ATRAVESSAR AGOSTO

SUGESTÕES PARA ATRAVESSAR AGOSTO

Para atravessar agosto é preciso antes de mais nada paciência e fé.
Paciência para cruzar os dias sem se deixar esmagar por eles, mesmo
que nada aconteça de mau; fé para estar seguro, o tempo todo, que
chegará setembro – e também certa não-fé, para não ligar a mínima às
negras lendas deste mês de cachorro louco. É preciso quem sabe
ficar-se distraído, inconsciente de que é agosto, e só lembrar disso
no momento de, por exemplo, assinar um cheque e precisar da data.
Então dizer mentalmente ah!, escrever tanto de tanto de mil novecentos
e tanto e ir em frente. Este é um ponto importante: ir, sobretudo, em
frente.
Para atravessar agosto também é necessário reaprender a dormir, dormir
muito, com gosto, sem comprimidos, de preferência também sem sonhos.
São incontroláveis os sonhos de agosto: se bons, deixam a vontade
impossível de morar neles, se maus, fica a suspeita de sinistros
angúrios, premonições. Armazenar víveres, como às vésperas de um
furacão anunciado, mas víveres espirituais, intelectuais, e sem muito
critério de qualidade. Muitos vídeos de chanchadas da Atlântida a
Bergman; muitos CDs, de Mozart a Sula Miranda; muitos livros, de
Nietzsche a Sidney Sheldon. Controle remoto na mão e dezenas de canais
a cabo ajudam bem: qualquer problema, real ou não, dê um zap na
telinha e filosoficamente considere, vagamente onipotente, que isso
também passará. Zaps mentais, emocionais, psicológicos, não só
eletrônicos, são fundamentais para atravessar agostos. Claro que falo
em agostos burgueses, de médio ou alto poder aquisitivo. Não me
critiquem por isso, angústias agostianas são mesmo coisa de gente
assim, meio fresca que nem nós. Para quem toma trem de subúrbio às
cinco da manhã todo dia, pouca diferença faz abril, dezembro ou,
justamente, agosto. Angústia agostiana é coisa cultural, sim. E
econômica. Mas pobres ou ricos, há conselhos – ou precauções – úteis a
todos. O mais difícil: evitar a cara de Fernando Henrique Cardoso em
foto ou vídeo, sobretudo se estiver se pavoneando com um daqueles
chapéus de desfile à fantasia categoria originalidade… Esquecê-lo tão
completamente quanto possível (santo ZAP!): FHC agrava agosto, e isso
é tão grave que vou mudar de assunto já.
Para atravessar agosto ter um amor seria importante, mas se você não
conseguiu, se a vida não deu, ou ele partiu sem o menor pudor, invente
um. Pode ser Natália Lage, Antonio Banderas, Sharon Stone, Robocop, o
carteiro, a caixa do banco, o seu dentista. Remoto ou acessível, que
você possa pensar nesse amor nas noites de agosto, viajar por ilhas do
Pacífico Sul, Grécia, Cancún ou Miami, ao gosto do freguês. Que se
possa sonhar, isso é que conta, com mãos dadas, suspiros, juras,
projetos, abraços no convés à lua cheia, brilhos na costa ao longe. E
beijos, muitos. Bem molhados.
Não lembrar dos que se foram, não desejar o que não se tem e talvez
nem se terá, não discutir, nem vingar-se, e temperar tudo isso com
chás, de preferência ingleses, cristais de gengibre, gotas de codeína,
se a barra pesar, vinhos, conhaques – tudo isso ajuda a atravessar
agosto. Controlar o excesso de informações para que as desgraças
sociais ou pessoais não dêem a impressão de serem maiores do que são.
Esquecer o Zaire, a ex-Iugoslávia, passar por cima das páginas
policiais. Aprender decoração, jardinagem, ikebana, a arte das
bandejas de asas de borboletas – coisas assim são eficientíssimas,
pouco me importa ser acusado de alienação. É isso mesmo, evasão,
escapismos explícitos.
Mas para atravessar agosto, pensei agora, é preciso principalmente não
se deter demais no tema. Mudar de assunto, digitar rápido o ponto
final, sinto muito, perdoe o mau jeito, assim, veja, bruto e seco:.

Caio Fernando Abreu (6/8/1995 para o jornal O ESTADO DE SÃO PAULO)